Presidente da Fundação AGLP entrevistado pela Antena 2


Páginas de Português, programa da Antena 2 (RTP) virado para toda a atualidade à volta da língua portuguesa, entrevistou Ângelo Cristóvão, presidente da Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa, na edição de passado 22 de janeiro, no contexto de um programa que homenageou, lembrou e reivindicou a pessoa e obra do saudoso Manuel Rodrigues Lapa, além do brasileiro Serafim Pereira Neto.

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Novas da Galiza entrevista protagonistas galegos do Acordo Ortográfico luso-brasileiro

Alexandre Banhos e Ângelo Cristóvão na Assembleia da República

Alexandre Banhos e Ângelo Cristóvão em destaque

Eduardo Maragoto - Anos depois do falecimento de Lindley Cintra, Celso Cunha ou Rodrigues Lapa, grandes filólogos portugueses amigos da Galiza, o reintegracionismo voltou a pôr a Galiza no centro do debate sobre o futuro da língua comum. Foi numha sessom parlamentar sobre o Acordo que aproxima as ortografias brasileira e portuguesa (também usada nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa – PALOP – e Timor) realizada no máximo órgao da soberania popular de Portugal, a Assembleia da República.

Apesar dos medos deste último país, o Acordo será provavelmente assumido em toda a Lusofonia nos próximos anos. A Junta, como se o galego gozasse de óptima saúde, nada quijo saber. O reintegracionismo, unido, foi o representante da Galiza em Lisboa, com as vozes de Alexandre Banhos, da Associaçom Galega da Língua (AGAL), e Ângelo Cristóvão Angueira, da Associação Pró-Academia Galega da Língua Portuguesa.

Porque é importante o Acordo (conhecido como ‘de 90’) para a Lusofonia?

A. B. : A nossa língua, o português, que assim é conhecida internacionalmente, é a única entre as internacionais que nom tem umha normativa universalmente aceite em todos os Estados onde é oficial. No século XVIII criou-se a Academia das Ciências de Lisboa, mas nunca chegou a elaborar umha norma nem um vocabulário ortográfico. A responsabilidade caiu assim nos governos, nos políticos; em 1911 som fixadas as primeiras normas polo governo português, mas o Brasil nom aceita. Actualmente há duas normas (deixando de parte o caso do galego): a brasileira (do grupo Globo) e a portuguesa (usada também nas ex-colónias). Houvo antes várias tentativas de acordo. O Acordo de 1990 é menos radical que o de 1986, tendo sido importante o contributo de umha delegaçom galega de observadores. Implica aceitar a importáncia que tem o Brasil para a língua (com 190 milhons de falantes entre 250), e iniciar umha dinámica interna na língua que a afaste das decisons políticas. No futuro, estas questons deviam ser competência do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP).

E porque é importante para umha Galiza que nom pode acompanhá-lo institucionalmente?

A. B. : Estarmos aí é afirmarmos a nossa pertença ao mundo da nossa língua. Foi um facto extraordinário a presença de representantes galegos – da Galiza civil e nacional, nom da regional e oficial.

A. C. : Em Lisboa apresentamos a posiçom institucional da Associação Pró-Academia Galega da Língua Portuguesa e a das Entidades Lusófonas Galegas. Tendo em conta a ausência de participaçom do governo galego, representamos a posiçom da Galiza. Além disto, a recepçom na CPLP e na Academia das Ciências de Lisboa evidencia uma predisposiçom de Portugal e do conjunto dos países lusófonos para a integraçom do nosso país nesse espaço, do ponto de vista cultural. Do ponto de vista político, parece que o Governo Galego deu algum passo nesta linha. A Academia Galega da Língua Portuguesa, que será constituída nos próximos meses, iniciará o relacionamento e colaboraçom institucional com as outras academias lusófonas. Estamos certos que os próximos anos servirám para um maior reconhecimento e presença do português galego na cena internacional.

A que se devem as reticências portuguesas?

A. B. : Os modelo português e brasileiro tenhem algumhas características dissemelhantes na expressom oral, e o Acordo talvez dependa demasiado disso, sendo mais estáveis os sistemas de línguas internacionais onde a escrita nom depende tanto da pronúncia (um inglês fonológico duraria pouco como língua internacional). Os portugueses som cientes que o Acordo é uma cessom maior pola sua parte que por Brasil, e eles sentem a língua de modo mui particular.

A. C. : Deve-se à incapacidade de alguns lingüistas notáveis, de alguns editores e de sectores da sociedade em se adaptarem à realidade presente. O português do século XXI é umha língua policêntrica. A questom que se pom em Portugal, e também na Galiza, é continuar à margem da unidade da escrita, ou aderir ao conjunto. Isto nom modifica pronúncias nem impede refletir as caraterísticas de cada umha das variedades regionais e nacionais.

O reintegracionismo foi unido a Lisboa...

A. C. : A AGAL permaneceu à margem dos Acordos Ortográficos em 1986 e 1990. A sua incorporaçom ao processo de unidade, em 7 de Abril, fecha umha etapa de divergências. As associaçons lusófonas continuaremos unidas, porque as tarefas e os reptos que venhem a seguir exigem colaboraçom. Contodo, isto nom acarreta que todos devamos dedicar-nos às mesmas atividades.

A. B. : O reintegracionismo goza de umha unidade difícil de encontrar noutros movimentos da Galiza, mesmo entre as posturas mais divergentes. Além disso, é muito fácil mantermos a mesma postura numha questom que já tinha sido bem defendida por umha delegaçom galega no próprio Acordo. Quando à AGAL lhe foi comunicado informalmente o convite, convidamos todas as entidades reintegracionistas para que a nossa voz fosse a de todos.

Para além das vossas intervençons, a vossa presença em Lisboa suscitou o interesse das outras delegaçons lusófonas?

A. C. : Sim, especiamente de Portugal e do Brasil, de onde recebemos convites para a participaçom em futuras actividades. Espero que os lingüistas saibam entender o sentido desta participaçom galega, desta conjunçom de vontades, e assumam a sua responsabilidade histórica.

Fonte original:

 

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Cristóvão Angueira, José Ângelo (1965)

José Ângelo Cristóvão Angueira

É o primeiro secretário da Comissão Executiva da Academia Galega da Língua Portuguesa e secretário e membro do Conselho de Redação do seu Boletim.

Nasceu em Santiago de Compostela. Licenciado em Psicologia pela Universidade de Santiago (1988), especializou-se em Psicologia Social. Empresário, Presidente da Associação Cultural Pró AGLP e secretário da Academia Galega da Língua Portuguesa desde a sua fundação, em 20 de Setembro de 2008. Faz parte da Junta Diretiva da Associação de Empresários de Padrão (Galiza).

Na internet é responsável pela página web www.lusografia.org.

Inicia o seu contributo à Sociolinguística em 1987 participando no III Congreso Español de Psicología Social (València), com a comunicação: «Uma escala de atitudes perante o uso da língua», publicada posteriormente na revista Agália.

Nesse ano colabora na criação da Comissão Sociolinguística da AGAL, de que é coordenador até 1990. Publica na revista Noves de Sociolinguística (Barcelona) «Bibliografia de sociolinguística lusófona», reeditada na revista Temas do Ensino de Linguística e Sociolinguística (Braga).

Em novembro de 2004 edita o primeiro livro em português do sociólogo catalão Lluís V. Aracil: Do latim às línguas nacionais: introdução à história social das línguas europeias (AAG-P, Braga), apresentado no II Seminário de Políticas Linguísticas da Associação de Amizade Galiza-Portugal.

Em 7 de abril de 2008 intervém na Conferência Internacional / Audição Parlamentar sobre o Acordo Ortográfico na Assembleia da República Portuguesa, representando a associação promotora da Academia Galega da Língua Portuguesa, e em defesa da unidade da língua escrita.

Faz parte da organização dos Colóquios da Lusofonia em Bragança e nos Açores, tendo participado ativamente nas diversas edições, desde 2001.

Publicou os seguintes artigos: (1988a) «Identidade linguística na Galiza espanhola» in Nós, núm. 16-20; (1988b) «Uma escala de atitudes perante o uso da língua» in Agália, n.o 14; (1988c) «Considerações sobre as atitudes face à língua na Galiza» in Temas do Ensino de Linguística e Sociolinguística, vol. IV-V; (1989) «Aspectos sociolinguísticos da problemática linguística e nacional na Galiza espanhola» in Actas do II Congresso da Língua Galego-Portuguesa na Galiza; (1990) «Bibliografia de Sociolinguística lusófona» in Temas do Ensino de Linguística e Sociolinguística, vol. VI; in Noves de Sociolingüística, n.o 9; (1992) «Language Planning: Atitudes» in Actas I Congreso de Planificación Lingüística; (1994 [2009]) «Medição de variáveis: competência e uso linguístico», in Galiza: Língua e Sociedade; (2003) «Paradoxos da Galiza» in Semanário Transmontano, 3 de julho; (2004 [2009]) «Questione della lingua: introdução e bibliografia», c VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Coimbra. 16-17-18 de Setembro, in Galiza: Língua e Sociedade; (2004), editor de Lluís V. Aracil: Do latim às línguas nacionais: introdução à história social das línguas europeias.

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