Morreu Amadeu Ferreira, grande divulgador da língua mirandesa

Morreu ontem em Lisboa Amadeu Ferreira, aos 64 anos de idade. Poeta, jurista e professor universitário, foi um conhecido escritor em língua mirandesa, variedade do asturo-leonês. Trabalhou intensamente para que fosse reconhecida como a segunda língua oficial de Portugal no território de Miranda do Douro, onde atualmente é ministrada às crianças.

Amadeu Ferreira nasceu a 29 de julho de 1950 em Sendim, Miranda do Douro. Era presidente da Associaçon de Lhéngua i Cultura Mirandesa (ALCM), presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes, vice-presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, membro do Conselho Geral do Instituto Politécnico de Bragança e, desde 2004, comendador da Ordem do Mérito da República Portuguesa. Como escritor em mirandês utilizava diferentes pseudónimos como Fracisco Niebro, Marcus Miranda e Fonso Roixo.

Colaborou na criação da Convenção Ortográfica da Língua Mirandesa, promovida pela Câmara Municipal de Miranda do Douro e o Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. Elaborada de forma independente aos critérios utilizados por outras entidades da mesma área linguística, foi publicada em 1999. Este documento constituiu um passo fundamental para a estabilidade da sua escrita e o posterior reconhecimento do seu caráter oficial, junto do português.

Autor de uma vasta obra em português e mirandês, Amadeu Ferreira traduziu para a língua mirandesa obras como “Os Quatro Evangelhos”, e “Os Lusíadas”. A Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa acolherá, quinta-feira 4 de março, o lançamento da sua biografia e o seu mais recente livro, "Belheç / Velhice".

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